domingo, 12 de dezembro de 2010

O Problema e a Cura

Todos os dias o problema deitava a cabeça no travesseiro
imaginando quando encontrasse a cura

todos os dias esboçava reações de felicidade,
ensaiando o tão esperado acontecimento

todos os dias, ele sorria pro teto
esboçando, metade ansiedade, metade frustração

frustração por estar olhando pro teto
ansiedade por ter esperanças que o dia viria

todos os dias o problema chorava a solução que não acontecia,
soluçava cabisbaixo, querendo abafar tristeza, amiga inseparável

todos os dias a cura sorria, olhava pra cima com esperança divina
de encontrar um problema pra agarrar, tratar, cuidar

todos os dias a cura olhava em volta mas ninguém encontrava
todos os dias o problema gritava em vão, mas nada, de volta, escutava

Mal sabia o problema, que ele mesmo, era a cura pro seu próprio dilema, esse era o grande problema.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Inquieta

caste sussurros dentro de mim
permaneça inquieta, fazendo que a roda mestre não desperte
faça tudo do jeito que tem que fazer, mas não esqueça, você tem só até o amanhecer

enquanto o sol se levanta, não se apresse
relembre das vezes que errou por querer ir rápido demais
viva cada segundo, eles são os minutos preciosos mal aproveitados

e quando o vento empurrar, não empurre de volta
se segure, agarre-me o mais forte que puder
eu serei sua fortaleza, seu lugar seguro

e por mais que moinhos venham se levantar
e querer te desafiar, ignore-os, eles apenas tem inveja da tua felicidade
pois se é nela que você se encontra, aqui, serei pra sempre assim
eternamente teu

Mas não esqueça, permaneça sempre inquieta, é essa sua curiosidade de querer ver demais, saber demais, que vai te levar aonde ninguém nunca chegou: perto de mim.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Poeira

Na paz que abriga o silêncio da imensidão se encontra perdido o elo de um passado que não foi presenciado.
Saudade do que ainda não foi vivido, dos amores encarnados nessa nossa encenação.

Amaldiçoado por despedaçar esperanças
Cultuado por fazer da vida um mar de carências correspondidas.

De vez em quando, chora a situação das respostas não aceitas
Das cartas mal escritas, e das pétalas derramadas sobre o póstumo da tinta, gasto, entre palavras mal ditas.

Sorri pelos cantos, como palhaço sem flor na lapela, sem mangueira de mentirinha.
Argue a bandeira dos que fincaram no peito a vontade de viver a calmaria, bradam esse grito de guerra.

Vez ou outra o sinto bater aqui dentro, escondido, sem vontade de sair.
Vez ou outra, sinto que já foi embora, e só o que resta, é o gosto do amargo que um dia saboreou amoras frescas cobertas de sabores dissolúveis.

Na paz que outrora habitava nossos sorrisos, se desfez como papel queimado, incinerado a vontade de querer se ter,
mas com o soprar da brisa, o vento se transformou em poeira, e levou pra longe toda essa canseira.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sótão

Caço cada palavra, no encalço da nova descoberta.
Assobio sussuros discretos, na vontade de ser descoberto.

Me encanto com cada olhar, disparado como flecha fulminante,
na esperança de ser atingido e ter o desejo dilacerado, acometido.

Me redescubro em cada gesto, é vontade de querer sem ser.
Se entrelaçar no verbo amar, sem nem conjugar.

Trago pra perto a imensa vontade de não fazer nada, só de olhar pro teto,
e esperar que ele se abra e a poeira cósmica que habita o sótão, finalmente, se revele.

Sendo bem sincero, falta alguma coisa nesse cenário.
Algo que desencadeie essa mudança climática no horóscopo da nossa vida.

O sótão.

sábado, 13 de novembro de 2010

Me dominar

Me desconcerta, assim, me deixa sem respiração
tira meu fôlego, sem medo de perder o ar, asfixiar

Me sufoca com esses lábios cheio de veneno, doce.
envenena minha alma com esse teu aroma, pois teu cheiro fixou na minha mente, na pele.

Traz consigo essa vontade de me ter, me devora pela beirada,
mas deixa o canto esquerdo pro final.

Me corrói, me destroça em pedaços, mas me toma por inteiro.
Mas, por favor, não deixes que nada sobre, pois não sou de restar, sou der consumido até o final.

Usa do teu encanto lascivo, me conduz a tua cama.
Me tira por completo, me deixa sem nada, baixa a minha guarda e me conduz ao que sabes de melhor, me fazer te amar.

Me dominar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sobre tentativas - Parte 1

Tentei criar esperança, mas os desejos mofaram, e sem sol a regar, a esperança partiu, sem nem pra trás olhar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Tempo quie-tempo

sabe onde o tempo foi se esconder?
debaixo da saia do sol, pra se aquecer

mimado e famoso por sempre fazer
do gosto o desgosto de quem quer viver

falava do medo de envelhecer
vagou por lembranças até preencher

tragando um cigarro pra se arrepender
do alcool do doce pra amolecer

coração intragável, dizia assim ser
o ódio é mais fácil, assim, de descer

falava só dela, pra não esquecer
as marcas que o mesmo cansou de trazer

arraigado no peito, a razão de dizer
o quanto odiava não ter quem querer

calado e acabado pelo que e assim ser
fazia do mundo o seu de comer


NOVO (ouça o mp3)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ração

Distraiu-se, e perdido, a contraposto do que se formava
adquiriu mais um vício, o de sonhar.

Despertou-se um lado que não conhecia
conquistara o desejo de amar.

Não sabia ao certo onde pisar
esmagava os flocos de nuvem, não sabia como voar.

E enquanto se questionava a respeito de suas crenças
As visões de um novo futuro, restavam a pairar.

Por mais incrédulo que fosse, sabia que um dia a vida iria tratar de
lhe tirar do marasmo que trazia. Sabia que um dia, ele sorriria.

E quando a saudade apertou, daquilo que não conhecia,
só sabia sentir, quietinho, calado, falando baixinho...

chorava pelos cantos a saudade de um sentimento que nunca deu nome
só sabia como o alimentar, mas a ração tinha acabado pra nunca mais voltar a circular.

domingo, 26 de setembro de 2010

Me preenche

A cada passo, cada estrada percorrida
se vê a volta ao caminho que se desviou

e de todas idas e vindas, o pensamento mora longe
bate em você e volta, querendo permanecer, por estar

é um misto de saudade, contornando o vazio de quando se vai
pois ao sair por aquela porta, parte de mim vai com você

Sei que pode parecer besteira, ou até idiota
mas é mais do que sentir assim, é se sentir ao léo

e por não estar relacionado ao fato de me sentir incompleto
é que me sinto preenchido, quando te tenho ao meu lado

mas não faça essa cara, não é tanto assim
as vezes, é só abrir os braços, me abraçar

me preenche de jeito que não possa mais voltar
pois quando eu olhar pra trás, só veja o reflexo, e pra frente, quando apontar, só veja você.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Você Ficar

Do gosto do beijo, ao intenso desejo
Surgiu a vontade continuar, de conquistar um jeito novo, uma maneira diferente de olhar.

E dar meu reino, por um abraço, só pra não te ver afastar.

E dessa vontade, surgiu a magia
E desmistificou o sentimento que me contraria

Aquela vontade incontrolável de tagarelar. Logo eu, que sou tímido, quieto, na minha.
Bateu mesmo uma vontade incontrolável de querer gritar.

Falar, sair, contar pra todo mundo...
Que eu te quero perto, só pra ver você ficar.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Faz Tempo

E faz mesmo. Que não conversamos assim, a dois.
Até perdi a conta, os dedos não acompanham mais o raciocínio.
O que se tornou, de fato, uma coisa boa.
Não é preciso forçar o diálogo, ele surge com naturalidade.

É uma conversa de sorrisos, o meu com o teu.
E um diálogo incessante de bocas, a minha contra a tua, mas de modo suave.
Enquanto você sensualiza com essas palavras mudas, eu fico em cacofonia com a falta de ar.
É mesmo uma conversa engraçada, parece nunca terminar.

A sensação térmica é de uns 48º de intensidade cósmica.
Mas acho, sinceramente, que não vá chover.
O dia fechou e já bateu seu ponto, foi embora, foi pra casa.
Mas a lua fica pra nos acompanhar e guardar, o que é mais sagrado entre nós dois.

O tempo que faz que eu não me sinto assim.

domingo, 19 de setembro de 2010

Último Vício (música)

enquanto o vento se põe ali na esquina
vejo o barco voar, em direção a multidão

e mais perdido que fim de arco íris
eu vejo o pote de ouro, esfarelar-ce na calçada da ilusão



disperso em outros tons, e andando em circulos
vejo calcar-me o caminho dessa perdição

de versos soltos, em disritimia
eu descontruo tudo no sintilar do coração


explode envolto em som e harmonia
descarrilhando o todo armado em profusão

enquanto o último vicio, aqui respira
o meu corpo sussurra por carinho e distração

através de paredes cristalinas
eu sinto o cheiro do novo, exalando em exaustão

pra relembrar do roteiro que vivemos
e recontar a história de romance em conversão


enquanto o vento se põe ali na esquina
o meu corpo sussurra por carinho e distração

será voce quem vai guiar-me para fora do caminho
dessa ilusão?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Imenso

Calado, o tempo passa ao redor
descobre-se da vontade de atravessar o tempo,
matar a ansiedade que te mata, e assim consumir tudo que te envolve;

Desfaz-se o tempo que vivemos,
que aprendemos a falar através do silêncio,
e que os gestos complementavam o que apenas se olhava;

encurralados, de prazos curtos e periodos longos,
aos poucos, a natureza que construiu você e eu
se tornou árida, se viu caatinga, tendo outrora sido fauna e flora, rica como os nossos sorrisos;

Enquanto tudo que se cerca, se torna atemporal
descompassando o nosso ritmo, esperando apenas terminar,
pra que um dia, tudo aquilo que se foi herança, nessa terra, seja mar.

Imenso.

sábado, 11 de setembro de 2010

Parceiro paciente

Apesar da falta de ar
Seguia coesamente com o segurar do pulmão
Agarrava cada centímetro, parecia sufocar

A verdade é que era um coração partido
Arrependido, enquanto se desvencilhava do que era atrelado
Cogitava até se sacrificar mais uma vez, mas desistiu

Sentiu a presenaça do ar, das amarras sendo soltas
Sentiu o peso de carregar a pressão de algo que não queria mais participar
Viveu e apenas foi embora, como se não houvesse mais estado ali

Se tornou parceiro e paciente
Se tornou amigo, mas só de amizade não vive o amor
Na verdade, queria mesmo era felicidade, e viu que felicidade não se alimenta só de promessas

terça-feira, 31 de agosto de 2010

À esmo

Quantas vezes me senti sozinho
E quantas vezes, no desespero a luz se afogou.
Quando olhei em volta, só vi a fuga da verdade,
rebelando-se contra a decisão sensata de ser, existir.

Quantas vezes me senti a esmo,
abandonado pela sinceridade que um dia existiu.
Que se apagou com o clarão da profundidade
e se extinguiu apenas por meias verdades.

Quantas vezes vou ter que perguntar a mim mesmo
se a palavra certa pra atribuir amor, é mesmo se transparecer.
Pois já não aguento mais ser translúcido, mostrar a criatividade do ser.
Se a palavra um dia existiu, que fosse na sinceridade de abraçar,
pra dançar a luz de velas a inspiração do luar.

domingo, 8 de agosto de 2010

Ao se perfazer

Era mais um sonho.
Sonho dos quais se acorda em queda, se acaba uma era.
Era mais uma vontade de viver no imenso vazio azul do infinito.
Era mais um acordado, na esperança de sonhar novamente.

Mas não queria sumir, apenas despontar o horizonte.
Era mais um que se atrelava as palavras da verdade.
Sem medo de se perfazer, apenas na conjunção do verbo: completar.

Era mais um, igual a você, porém diferente.
Era o paradoxo da indiferença na vontade de ser completo.
Apenas um outro ideal. O de ser real.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Pescado

Pesquei você olhando para mim, tudo fluia com a corrente.
Batia o vento, balançava seu cabelo, e a água estava morna como sempre.
Talvez seja o calor do sol, esse que aquece nossos corações.
Ou quem sabe a brisa que percorre o teu corpo, deixando o sentimento existir.

Peguei-me preso e, como uma isca, vivendo no teu anzol.
Sentindo-me num mar de sentimentos, querendo ficar preso nessa rede que tece os fios de estar preso a essa imensidão.

Pesquei um cochilo na rede, querendo não acordar.
Fiquei só na vontade, pois tinha que ir trabalhar.
Afinal, meu barco não se enxe de peixes sozinho, muito menos o meu coração.

Só depende de você

Saiba que o mundo vai pra frente, independente da sua direção.
Saiba que é tudo decorrente, pode ser um milésimo ou uma fração.
Saiba que distante não é perto, mais pode ser pra junto de quem te tem longe.
Saiba que nada é incurável, está apenas há dois passos, toda a resposta que você procura.

Saiba que tais palavras não vão te confortar, mas te ajudarão a pensar o que você quer do amanhã.
Saiba que estar só, não significa exatamente essa palavra, ao pé da letra, ela pode ser uma porta que abrirá outra, e outra, é só girar a maçaneta.
Saiba que mesmo no silêncio, o som do vazio pode se transformar em música, e a poesia desses versos, se transformarão na melodia da sua história.
Saiba que esse amor, aí dentro, não é só seu, é de todo aquele que o vê; e transforma desse amor, um mais um, que é você e quem te descobre.

Saiba que ser feliz engloba tudo, mas sua felicidade não depende dos outros.
Saiba que, ser feliz, só depende de você.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Em particular

Pouco a pouco, se desfaz tudo aquilo que já foi um dia.
Descansa em paz e me traz pra realidade do que não quero encarar.
Bate de frente com o amor que acordou de repente e ao mesmo tempo entorpeceu.
Os meus sentidos, os seus, e tudo aquilo que se esqueceu.

Pouco a pouco o tempo se desfaz em migalhas, sobram os farelos;
da história que se contou, do conto de fadas, de um reinado tão recorrente.

Teu rosto no meu peito, aconchegado entre nós dois.
Sobram as respirações, as afagos, o carinho.
Sobra de nós dois o que já foi um dia, a vontade de ser um.
E da sobra, você, eu. Os dois, sem ser um, apenas um de cada.
Em particular.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O que é de samba

Na pegada, no embalo, na batida, no terreiro.
Com atabaque, baque solto, som de corda, vem sem medo.
Na puxada da levada, solta o samba e vai sem eira.
Que a batida vem expressa e o ritmo entorpece as estribeiras.

Do compasso, pés descalços, solto e leve sem zueira.
Vem do grito, vem do berro da menina zombeteira.
Que aquece, estremece, vai pra longe e endurece.
Sò não sabe quem é morto, pois o vivo já partiu e a o vento se extinguiu
no momento em que o samba, aqui, caiu.

terça-feira, 29 de junho de 2010

7 Chaves

Mantêm-se em segredo o que há de guardado em nossos corações.
A verdade que habita o mais profundo sentimento, trancado a sete chaves, na esperança de nunca ser encontrado.

Já ouvi dizer que era mais um conto, alguns falam que nunca ficou comprovado tal existência.
Outros dizem existir, mas que poucos viram - viveram -, e os que viveram, foram infinitamente felizes.

Já se contou histórias, películas inteiras a seu respeito. Canções embalando passos, ritmos que acompanhavam o balançar do espírito, na pontinha dos pés.
Ângulos abertos da grande angular, tentando capturar seu mistério em apenas 28mm.

Já se falou muito, mas poucos conhecem seu verdadeiro significado.
Esse tal de amor é uma coisa interessante. Até hoje procuro saber se é de comer e onde tem pra vender.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Escondidinho

Agacha, bota a mão na boca, fala baixinho. É segredo, pshhhht, escondidinho.
Olha pra um lado, vira pro outro, vê se vem alguém. Finge que não é nada, mas na superfície, de um tudo, tem.
Coça a cabeça, mexe a orelha, assobia, disfarça. Chega a ser engraçado, dar o ar da graça. Gostar de você é assim.

Ter vontade de sair gritando com as mãos pra cima, mas ter que me conter pra o mundo não saber.
Vai que alguém rouba você de mim? Melhor guardar pra mim, assim, só entre eu e o silêncio mais fofoqueiro que existe.
Pois o que eu vejo em você, guardo aqui. Até porquê, meus olhos me entregam só de espiar, na rabeira da janela, sabe?

Na enorme vontade de querer te apertar, morder, chamar de minha, fazer que nem criança: "é meu!".
Mas tem problema não, um dia eu tomo coragem e falo. Um dia eu saio da linha.
Um dia eu me corôo, me torno um rei e você minha rainha.

domingo, 27 de junho de 2010

Tato

Bate e volta aquela vontade tocar.
Aquela mesma, alimentada pelos olhares famigerados, cheios de imensidão e ao mesmo tempo tão vazios.
Olhando pro teto do quarto, esperando que ele se abra, e a poeira cósmica a engula,
apenas na vontade de ser um outro ser.

Se indaga toda noite, como se a resposta da vida o universo e tudo mais
fossem resumidas em apenas uma palavra, ou um número, querendo ter um humor/sarcasmo mais Adamsniano.
Se indaga como se fosse a mesma vontade de sempre, aquela, a descontrolada. Tão falada no começo do discurso.
Queria ser mais sucinta, mas se perdia nas palavras soltas que profanava, todas as vezes que tentava expor seus sentimentos em idéias.
Queria ser mais ela, mas acabava não sendo ninguém, além da própria vontade de querer tocar.
E por isso, deixou passar a oportunidade para, quem sabe, nunca mais voltar.

sábado, 26 de junho de 2010

Santa inocência...

Você me traz paz, mesmo que de longe, mas traz.
E o abraço quando aperta, dá aquela pontadinha, como se a vontade fosse de não soltar.
Seja àquela pontadinha, seja você. Afinal, vocês andam juntas.

Mas o pior da paz que você me traz, se resume a falta que a falta faz.
Que você me faz. E o mais engraçado da coisa toda, é quando teu olhar te denuncia,
meio com vontade de ficar, meio com vontade de querer, mas apenas de olhar.

Brinquedo dentro da caixa, sabe? Só a vislumbrar, sem tocar.
Vontade de te chamar pra brincar, pode sair e se aventurar. Mas eu sei que não dá, a gente já deixou de ser inocente há muito tempo.
Então, é melhor ir cada um pro seu lugar, afinal, a gente só pode se olhar.

À merda

Parece mentira, mas a gente sente mais falta do que não tem do que aquilo que deixou de ter.
É, parece mentira, mas a falta que faz, faz mais falta de dentro pra fora, como um cataclisma,
aconchegando uma série de eventos que vai te deteriorar, meio sem sentido, mas, no fundo, faz-se todo.

Parece até verdade, quando a gente olha pra tudo e todos e na verdade não vê nada.
É tudo uma grande merda. É, essa é a palavra certa, merda, é uma palavra muito difícil de empregar.
Você até encontra um certo perjorativismo, mas no final, sai tudo de um canto só.
Da sua boca, que merge a imaginação, e no final, se você não gostou, que vá tudo à merda.

sábado, 19 de junho de 2010

Altitudes

Atos e atitudes não definem quem você é,
mas dizem muito a respeito de que lado da cama você costuma acordar.
Seja do lado dos que sonham e vivem emoções que outros nunca vão viver,
ou do lado daqueles que nunca saberão o que é sonhar, preocupados com a hora
de acordar, comer, dormir, acordar, trabalhar.
Muitas vezes sem saber realmente o que é viver.

Vira e mexe

Você vai e vem como sempre faz.
Desfaz tudo, bagunça tudo,
só depois corre atrás.

Arrumo o que se perdeu na bagunça.
Desfaço o que não quero mais mexer.
Só que vira e mexe, quem mais remexe é quem se quer esquecer.

Bate o vento forte, leva tudo pra longe.
É poeira e sentimento, aperto, vontade de querer,
perto ou longe, é sempre o que não se pode ter.

Vira e mexe, você volta, faz de tudo,
e desfaz, desfaz como quem não quer nada.
Apenas na vontade de cascaviar aquilo que não lhe compete,
por ser, simplesmente, unicamente sobre você.

Genialidade Einsteiniana

Sei que não sou nenhum gênio, por isso escrevo essas fazes mal escritas,
essa sentenças mal ditas, e sem concordância com o que se quer concordar.
Sei que não sou nenhum gênio, e por isso me conformo em não ser um,
mas continuo a procura de achar a genialidade em ser normal.

Talvez o fato da lua não nascer de dia, ou quem sabe aquela poeira cósmica,
Que entrou no meu quarto outro dia, quando o infame gato azulado berrou ao luar do sol.
Talvez por eu não ser gênio, é que não encontre genialidade nas coisas,
e nem admire aquele quadro que você tanto odeia dizer que é lindo, que é stupefato, que é "algo não sei, meio assim".

Queria muito ser gênio, talvez descobrisse a cura pra tudo.
Até pra costumeira estupidez das pessoas que insistem em se intitular de gênio
quando não são gênio coisa alguma.
Queria muito ser gênio, mas a vida continua.

Na medida

A gente vive na correria;
mas, dizem que louco é o dia a dia.
Na passagem do silêncio, esse, que passa entre nós dois,
se alimenta do ócio que persegue a vida.

E quando tudo se isola, a vida parece estagnar
mas não por querer ficar a deriva,
mas por querer ser mais que um, um alguém na vida.

E quando as palavras soam não ecoar
através das paredes do quarto, a gente se encontra.
Não por estar entre as quatro, as três
mas por estar entre os dois, nós dois.

E na medida perfeita da verdade
a sinceridade parece ser tão mentira
quanto os filmes de final feliz
e quando o fim acaba, não acaba de verdade,
só dá continuação ao que realmente não terminou.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sem tempo

Ando tão sem tempo que o tempo escorre pelas mãos,
se deixa levar pelo vento, vento esse que esbarra no rosto
e se queixa do alento que não existe mais.

Ando tão sem tempo que ele se queixa de mim,
e eu me queixo dele, falo que não tem mais tempo pra mim.
Ele reclama, reclama das coisas do tempo;
pergunta se talvez vá chover.

E desse tempo todo que não temos
vivemos na pressa, pressa que apressa a ter tudo por perto
e quando vai embora, parece que o tempo que se teve
não se teve tempo, não se teve acalento.

E quando a gente se entreolha, as coisas passam assim,
meio sem pressa, mas na vontade de se agarrar.
E aí te puxa pra perto, querendo te dar um cheiro,
e se subentende que é mais que um; que é dois.
E dos dois, o tempo que sobra não é mais tempo,
é apenas um minuto do silencio que durou.