segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Poeira

Na paz que abriga o silêncio da imensidão se encontra perdido o elo de um passado que não foi presenciado.
Saudade do que ainda não foi vivido, dos amores encarnados nessa nossa encenação.

Amaldiçoado por despedaçar esperanças
Cultuado por fazer da vida um mar de carências correspondidas.

De vez em quando, chora a situação das respostas não aceitas
Das cartas mal escritas, e das pétalas derramadas sobre o póstumo da tinta, gasto, entre palavras mal ditas.

Sorri pelos cantos, como palhaço sem flor na lapela, sem mangueira de mentirinha.
Argue a bandeira dos que fincaram no peito a vontade de viver a calmaria, bradam esse grito de guerra.

Vez ou outra o sinto bater aqui dentro, escondido, sem vontade de sair.
Vez ou outra, sinto que já foi embora, e só o que resta, é o gosto do amargo que um dia saboreou amoras frescas cobertas de sabores dissolúveis.

Na paz que outrora habitava nossos sorrisos, se desfez como papel queimado, incinerado a vontade de querer se ter,
mas com o soprar da brisa, o vento se transformou em poeira, e levou pra longe toda essa canseira.

Um comentário:

  1. Forte e muito bonito. Gostei bastante, Eloi.
    "o vento se transformou em poeira, e levou pra longe toda essa canseira." O bom é que tudo há de ir junto ao vento, cedo ou tarde.

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