quarta-feira, 30 de junho de 2010

O que é de samba

Na pegada, no embalo, na batida, no terreiro.
Com atabaque, baque solto, som de corda, vem sem medo.
Na puxada da levada, solta o samba e vai sem eira.
Que a batida vem expressa e o ritmo entorpece as estribeiras.

Do compasso, pés descalços, solto e leve sem zueira.
Vem do grito, vem do berro da menina zombeteira.
Que aquece, estremece, vai pra longe e endurece.
Sò não sabe quem é morto, pois o vivo já partiu e a o vento se extinguiu
no momento em que o samba, aqui, caiu.

terça-feira, 29 de junho de 2010

7 Chaves

Mantêm-se em segredo o que há de guardado em nossos corações.
A verdade que habita o mais profundo sentimento, trancado a sete chaves, na esperança de nunca ser encontrado.

Já ouvi dizer que era mais um conto, alguns falam que nunca ficou comprovado tal existência.
Outros dizem existir, mas que poucos viram - viveram -, e os que viveram, foram infinitamente felizes.

Já se contou histórias, películas inteiras a seu respeito. Canções embalando passos, ritmos que acompanhavam o balançar do espírito, na pontinha dos pés.
Ângulos abertos da grande angular, tentando capturar seu mistério em apenas 28mm.

Já se falou muito, mas poucos conhecem seu verdadeiro significado.
Esse tal de amor é uma coisa interessante. Até hoje procuro saber se é de comer e onde tem pra vender.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Escondidinho

Agacha, bota a mão na boca, fala baixinho. É segredo, pshhhht, escondidinho.
Olha pra um lado, vira pro outro, vê se vem alguém. Finge que não é nada, mas na superfície, de um tudo, tem.
Coça a cabeça, mexe a orelha, assobia, disfarça. Chega a ser engraçado, dar o ar da graça. Gostar de você é assim.

Ter vontade de sair gritando com as mãos pra cima, mas ter que me conter pra o mundo não saber.
Vai que alguém rouba você de mim? Melhor guardar pra mim, assim, só entre eu e o silêncio mais fofoqueiro que existe.
Pois o que eu vejo em você, guardo aqui. Até porquê, meus olhos me entregam só de espiar, na rabeira da janela, sabe?

Na enorme vontade de querer te apertar, morder, chamar de minha, fazer que nem criança: "é meu!".
Mas tem problema não, um dia eu tomo coragem e falo. Um dia eu saio da linha.
Um dia eu me corôo, me torno um rei e você minha rainha.

domingo, 27 de junho de 2010

Tato

Bate e volta aquela vontade tocar.
Aquela mesma, alimentada pelos olhares famigerados, cheios de imensidão e ao mesmo tempo tão vazios.
Olhando pro teto do quarto, esperando que ele se abra, e a poeira cósmica a engula,
apenas na vontade de ser um outro ser.

Se indaga toda noite, como se a resposta da vida o universo e tudo mais
fossem resumidas em apenas uma palavra, ou um número, querendo ter um humor/sarcasmo mais Adamsniano.
Se indaga como se fosse a mesma vontade de sempre, aquela, a descontrolada. Tão falada no começo do discurso.
Queria ser mais sucinta, mas se perdia nas palavras soltas que profanava, todas as vezes que tentava expor seus sentimentos em idéias.
Queria ser mais ela, mas acabava não sendo ninguém, além da própria vontade de querer tocar.
E por isso, deixou passar a oportunidade para, quem sabe, nunca mais voltar.

sábado, 26 de junho de 2010

Santa inocência...

Você me traz paz, mesmo que de longe, mas traz.
E o abraço quando aperta, dá aquela pontadinha, como se a vontade fosse de não soltar.
Seja àquela pontadinha, seja você. Afinal, vocês andam juntas.

Mas o pior da paz que você me traz, se resume a falta que a falta faz.
Que você me faz. E o mais engraçado da coisa toda, é quando teu olhar te denuncia,
meio com vontade de ficar, meio com vontade de querer, mas apenas de olhar.

Brinquedo dentro da caixa, sabe? Só a vislumbrar, sem tocar.
Vontade de te chamar pra brincar, pode sair e se aventurar. Mas eu sei que não dá, a gente já deixou de ser inocente há muito tempo.
Então, é melhor ir cada um pro seu lugar, afinal, a gente só pode se olhar.

À merda

Parece mentira, mas a gente sente mais falta do que não tem do que aquilo que deixou de ter.
É, parece mentira, mas a falta que faz, faz mais falta de dentro pra fora, como um cataclisma,
aconchegando uma série de eventos que vai te deteriorar, meio sem sentido, mas, no fundo, faz-se todo.

Parece até verdade, quando a gente olha pra tudo e todos e na verdade não vê nada.
É tudo uma grande merda. É, essa é a palavra certa, merda, é uma palavra muito difícil de empregar.
Você até encontra um certo perjorativismo, mas no final, sai tudo de um canto só.
Da sua boca, que merge a imaginação, e no final, se você não gostou, que vá tudo à merda.

sábado, 19 de junho de 2010

Altitudes

Atos e atitudes não definem quem você é,
mas dizem muito a respeito de que lado da cama você costuma acordar.
Seja do lado dos que sonham e vivem emoções que outros nunca vão viver,
ou do lado daqueles que nunca saberão o que é sonhar, preocupados com a hora
de acordar, comer, dormir, acordar, trabalhar.
Muitas vezes sem saber realmente o que é viver.

Vira e mexe

Você vai e vem como sempre faz.
Desfaz tudo, bagunça tudo,
só depois corre atrás.

Arrumo o que se perdeu na bagunça.
Desfaço o que não quero mais mexer.
Só que vira e mexe, quem mais remexe é quem se quer esquecer.

Bate o vento forte, leva tudo pra longe.
É poeira e sentimento, aperto, vontade de querer,
perto ou longe, é sempre o que não se pode ter.

Vira e mexe, você volta, faz de tudo,
e desfaz, desfaz como quem não quer nada.
Apenas na vontade de cascaviar aquilo que não lhe compete,
por ser, simplesmente, unicamente sobre você.

Genialidade Einsteiniana

Sei que não sou nenhum gênio, por isso escrevo essas fazes mal escritas,
essa sentenças mal ditas, e sem concordância com o que se quer concordar.
Sei que não sou nenhum gênio, e por isso me conformo em não ser um,
mas continuo a procura de achar a genialidade em ser normal.

Talvez o fato da lua não nascer de dia, ou quem sabe aquela poeira cósmica,
Que entrou no meu quarto outro dia, quando o infame gato azulado berrou ao luar do sol.
Talvez por eu não ser gênio, é que não encontre genialidade nas coisas,
e nem admire aquele quadro que você tanto odeia dizer que é lindo, que é stupefato, que é "algo não sei, meio assim".

Queria muito ser gênio, talvez descobrisse a cura pra tudo.
Até pra costumeira estupidez das pessoas que insistem em se intitular de gênio
quando não são gênio coisa alguma.
Queria muito ser gênio, mas a vida continua.

Na medida

A gente vive na correria;
mas, dizem que louco é o dia a dia.
Na passagem do silêncio, esse, que passa entre nós dois,
se alimenta do ócio que persegue a vida.

E quando tudo se isola, a vida parece estagnar
mas não por querer ficar a deriva,
mas por querer ser mais que um, um alguém na vida.

E quando as palavras soam não ecoar
através das paredes do quarto, a gente se encontra.
Não por estar entre as quatro, as três
mas por estar entre os dois, nós dois.

E na medida perfeita da verdade
a sinceridade parece ser tão mentira
quanto os filmes de final feliz
e quando o fim acaba, não acaba de verdade,
só dá continuação ao que realmente não terminou.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sem tempo

Ando tão sem tempo que o tempo escorre pelas mãos,
se deixa levar pelo vento, vento esse que esbarra no rosto
e se queixa do alento que não existe mais.

Ando tão sem tempo que ele se queixa de mim,
e eu me queixo dele, falo que não tem mais tempo pra mim.
Ele reclama, reclama das coisas do tempo;
pergunta se talvez vá chover.

E desse tempo todo que não temos
vivemos na pressa, pressa que apressa a ter tudo por perto
e quando vai embora, parece que o tempo que se teve
não se teve tempo, não se teve acalento.

E quando a gente se entreolha, as coisas passam assim,
meio sem pressa, mas na vontade de se agarrar.
E aí te puxa pra perto, querendo te dar um cheiro,
e se subentende que é mais que um; que é dois.
E dos dois, o tempo que sobra não é mais tempo,
é apenas um minuto do silencio que durou.